Em meio às negociações que podem levar a um apoio formal do Psol à candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Palácio do Planalto, o deputado David Miranda (Psol-RJ) anunciou neste sábado, em carta aberta publicada em suas redes sociais, que deixará o partido em março para ingressar no PDT.
No documento, David avalia que o PDT é o partido de esquerda mais posicionado para superar a polarização e que Ciro Gomes, que oficializou ontem sua pré-candidatura na corrida presidencial, é “o único candidato à Presidência com um projeto para o Brasil que não depende de pactos com aqueles que sempre foram e continuam sendo inimigos do povo”.
“Compartilho com Ciro Gomes a visão de um plano nacional de desenvolvimento socioeconômico que tenha como bases a reforma tributária e a taxação de fortunas, o acesso à ampla educação de qualidade e a geração de trabalho e renda para todos os brasileiros, sobretudo os mais pobres”, escreveu Miranda.
Em seu texto, o parlamentar do Rio de Janeiro diz reconhecer no PDT “diversos valores históricos e atuais fundamentais para a reconstrução do Brasil, em especial os ideais trabalhistas e o legado de Leonel Brizola”. Também ponderou que não concorda com todas as votações recentes da bancada pedetista do Congresso.
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Além disso, Miranda afirmou que o Psol corre o risco de “sacrificar a sua essência para se tornar um braço leal de um partido e ideologia a que foi criado para se opor”.
“Não é hora de se submeter obedientemente ao PT e aceitar covardemente que um retorno ao passado é o melhor que podemos fazer pelo Brasil neste momento. É hora de ter coragem. E caso Lula venha a ser eleito, acredito ser ainda mais importante e necessária a articulação de uma oposição ao governo dentro do campo da esquerda. A oposição é do jogo democrático e não podemos deixá-la a cargo somente da direita sob o risco de continuarmos alimentando a mesma polarização atual”, disse.
Em outro trecho, o deputado destacou que nem o fato de manter interlocução com representantes de campos ideológicos diferentes, nem a posição de se opor ao PT e a Lula o “tornam menos de esquerda”.
“Dialogar com os que pensam diferente não significa deixar de assumir um posicionamento firme em defesa dos mais oprimidos, e muito menos voltar a fazer pacto com a grande burguesia e seus representantes para vencer as eleições no primeiro turno. Tampouco significa usar da fragilidade do momento atual para articular uma federalização que na prática significará a homogeneização da esquerda pela máquina petista”, afirmou Miranda.
Após a publicação da carta, Ciro foi às redes sociais e escreveu que o futuro correligionário tem uma história de luta e superação e mostra ao Brasil que o exemplo da boa educação pública transforma vidas. “Obrigado por vir lutar junto conosco no PDT”, disse o presidenciável do PDT.