
Hoje (terça-feira, 20) a Câmara dos Deputados vota um pedido de urgência para a privatização dos Correios, passando este projeto de lei do governo Bolsonaro na frente de vários projetos prioritários por estarem ligados à questão da pandemia. É a “boiada” que segue tocada por Bolsonaro e Paulo Guedes, o ministro que quer privatizar tudo o que chega às suas mãos no governo, o autor de frases assim: “Por mim, vendia todas. Estatal boa é a que foi privatizada.”
A afirmação “defender os Correios é defender o Brasil” não é uma mera retórica. Os Correios são uma empresa estatal que presta serviço essencial sem paralelo em todo território nacional, do Oiapoque ao Chuí. Nas favelas ou em vilarejos distantes, lá está um funcionário dos Correios fazendo valer sua função.
A proposta de privatizar os Correios não se justifica sob nenhuma ótica. Em primeiro lugar, a empresa detém uma expansão e logística que são estratégicas para o país, não só para a entrega de cartas e encomendas, mas, sobretudo, pela função social que a estatal encarna.
Os exemplos são abundantes, a estatal é responsável pela distribuição dos livros didáticos do ensino público, das provas do Enem, das urnas eleitorais, pela entrega de mantimentos, ajuda humanitária em casos de calamidade ou emergência, entre outros serviços, tudo com baixo custo aos cofres públicos, uma vez que a parte operacional é garantida pela estatal.
Outro ponto que é preciso desmitificar está na informação de que a empresa é deficitária economicamente. Não é. A estatal pela sua estrutura de caixa se banca e está tendo lucro. Contudo, o objetivo primário dos Correios é a prestação de serviço à população brasileira e não o aumento do patamar de lucro.
Portanto, está claro que a questão não é a estatal em si. Mas, as pressões externas privatistas com intuito de desmontar esse patrimônio nacional e entregá-lo, como foi com a Vale do Rio Doce, nas mãos de grandes empresários que visam exclusivamente ao lucro.
Para alcançar esse objetivo, governos e parlamentares aliados aos capitalistas, aplicam e apoiam medidas de sucateamento e desmonte fatiado da estatal. É o caso do PDI (Programa de Demissão Incentivada), que reduz o contingente de trabalhadores. A consequência é a sobrecarga de trabalho dos funcionários, principalmente os carteiros. Ao mesmo tempo, há dez anos os Correios não prestam concurso público para oxigenar seu quadro de trabalhadores.
Aqui vale dar o exemplo que, nos Estados Unidos, os Correios são monopólio do Estado reunindo um dos os maiores números de empregados do país, além de ser muito prestigiado pela população.
Todo esse processo, com a soma de retirada de direitos trabalhistas, consolida a porta de entrada do projeto de privatização. Assim sendo, não resta dúvida que é preciso lutar em todas as trincheiras para impedir que tal violência contra o Brasil avance. Nesse momento, nossa prioridade é estar ao lado das trabalhadoras e trabalhadores dos Correios, que como serviço essencial, seguem na ativa resistindo ao vírus do Covid-19 e lutando pela preservação dessa estatal que é um dos patrimônios mais úteis e potentes do país. Nossos esforços, hoje no parlamento, serão para derrubar a urgência da votação de privatização dos Correios.
